Eu sabia que eu não queria uma repartição. A ideia de viver enclausurada em uma sala com pessoas fazendo o mesmo - ou próximo - que eu, entrando em elevadores e ouvindo conversas sobre política e futebol, todos com trajes padrão - camisa de botão para os homens e um pouco mais liberdade para as mulheres -, olhares cansados, metas para cumprir, corrida contra o tempo, venda-venda, mais demanda, tensão para chegar o horário do final do expediente, batida de cartão e finalmente o ar da rua após um dia de trabalho comum... Definitivamente, isso nunca foi para mim.
Decidi Comunicação desde os 11, quando comecei a ter blogs e a escrever sobre as coisas do mundo... achava que seria jornalismo... ainda sim, tinha repartição. Amadurecendo, conheci o Audiovisual e... finalmente... era o que eu queria. O Cinema me tirava o fôlego e, por mais que não fossem a mesma coisa, eu sabia que iria trabalhar mais com Audiovisual que efetivamente com Cinema, tudo bem, era o preço a se pagar para viver um mundo de sonhos... ou nem tão sonhos assim.
Todo o glamour e status que você tem quando diz ser cineasta é tirado de você quando seu salário cai no começo do mês. Somos os únicos que podemos fazer o nosso trabalho e geralmente somos muito mais importantes que o estagiário de Engenharia ou TI, mas temos salários incrivelmente menores por sermos considerados "arte" e estarmos na área por amor. O preço que se paga por não se encaixar no cidadão médio que fica de camisa no elevador falando sobre política é, definitivamente, o cheque especial que esse pessoal não tem que cobrir toda virada de mês.
E você acha que ganha bem, até chegar alguém que trabalha com alguma área - como todo mundo diz - mais reconhecida e ver que essa pessoa ganhará muito, mas MUITO, mais que você quando chegar na sua idade e no seu cargo. O que te conforta é a ideia de que você é - um pouco mais - feliz no que faz, do que se estivesse na pele daquela pessoa, e reza o mantra para dentro de si "eu não preciso de 2345 mil reais todo o mês, é um caminho longo e vamos aos poucos". Você continua nadando para o rumo que você acha que está certo, ou ao menos que parece te deixar mais feliz... e eu sinceramente desejo que você, eu, todos nós, alcancemos o devido reconhecimento que merecemos. Mas até lá, você precisa se lembrar que escolheu ser feliz pelo que faz, e não pelo dinheiro que aquilo dá... e isso exige abrir mão de muitas coisas.
O problema do Audiovisual é que a maior parte das empresas não entendem o peso que essa área tem em seus negócios. Eles sempre dizem para você "nossa, não faço a mínima ideia de como mexer nisso", mas ainda sim acham que é fácil e que é só ligar uma câmera e apertar o botão de gravar, ou que editar um vídeo é rápido... ah, e a frase clássica "eu queria um negócio simples, uma animação de 30 segundos, com todos os personagens dançando uma música bem agitadinha, parecido com aquele vídeo do cantor tal... mas é simples, e para daqui 1 semana"... sem imaginar que você terá de pagar pela música, que 30 segundos de animação são 390 quadros diferentes e, com certeza, o que ele deseja te pagar não é nem 1/10 do que o cantor pagou para produzirem. Sua mão de obra é barata simplesmente porque a maioria não sabe que o que mais vende é a apresentação da ideia, ao menos para as massas, e que algo mal feito é sinônimo de perda de dinheiro... Sua mão de obra é barata porque as pessoas não sabem o valor que ela tem, e as poucas que sabem se aproveitam desse mercado desonesto.
O problema do Audiovisual é que a maior parte das empresas não entendem o peso que essa área tem em seus negócios. Eles sempre dizem para você "nossa, não faço a mínima ideia de como mexer nisso", mas ainda sim acham que é fácil e que é só ligar uma câmera e apertar o botão de gravar, ou que editar um vídeo é rápido... ah, e a frase clássica "eu queria um negócio simples, uma animação de 30 segundos, com todos os personagens dançando uma música bem agitadinha, parecido com aquele vídeo do cantor tal... mas é simples, e para daqui 1 semana"... sem imaginar que você terá de pagar pela música, que 30 segundos de animação são 390 quadros diferentes e, com certeza, o que ele deseja te pagar não é nem 1/10 do que o cantor pagou para produzirem. Sua mão de obra é barata simplesmente porque a maioria não sabe que o que mais vende é a apresentação da ideia, ao menos para as massas, e que algo mal feito é sinônimo de perda de dinheiro... Sua mão de obra é barata porque as pessoas não sabem o valor que ela tem, e as poucas que sabem se aproveitam desse mercado desonesto.
Se a fotografia está bonita, é porque a câmera é boa. Se o vídeo ficou com uma cor bonita e um som perfeito, é porque a câmera de vídeo filma bem. Se a edição ficou natural, é porque o trabalho era simples e rápido. Se a marca está chamando atenção com a logo atualizada e bem feita, é porque eles contrataram um menino que mexia bem no programa. A propaganda vendeu porque o roteiro era fácil. O site da empresa está mais fácil de encontrar tudo porque o técnico mexeu.
Em suma, ARTE NÃO VALE NADA, e nós somos forçados a aceitar isso porque sabemos que não existe reconhecimento; quando executamos um bom trabalho e o entregamos no prazo combinado é porque era fácil e não porque somos competentes.
Vale cada suor gasto quando olhamos para os outros lugares e não nos enxergamos? A maior parte das vezes, pelo menos... mas ainda sim é frustrante, desestimulante e desgastante. Vivemos e trabalhamos num mundo em que ninguém sabe o que fazemos, como fazemos, e é mais vantajoso assim. Que nosso amor pelo Audiovisual seja forte o suficiente para, não só passarmos por isso, mas também mudarmos. De verdade, precisamos muito ser valorizados e reconhecidos.
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